(sorte de vocês que quando fui revisar o texto, lembrei-me dessa música, senão teria postado um pagode da época do Só Pra Contrariar)
Olá, pessoal!
Nós que seguimos a religião de Urza e que somos adoradores
das cartinhas do tinhoso, sabemos que domingo é sagrado. Mães de jogadores ao
redor do mundo estariam felizes, se fosse por causa da missa (ou culto, ou seja
lá como se chama a reunião semanal de sua religião).
Mas elas sabem, nossas
namoradas sabem (menos no caso de quem é forever alone, como o Baby), nossos
amigos normais sabem (nem venham nos chamar para outro tipo de programa):
domingo é dia de jogar campeonato na loja mais próxima.
Ignorem as bebidas alcoólicas nas mesas
Mas e nesse domingo dia 11, hein???
Se você não é um péssimo filho (se chegou até essa parte,
sem saber ainda do que estou falando, corra para o comércio mais próximo que
ainda dá tempo de gastar sua mesada ou parte preciosa do seu salário com um presente)
então você deve saber que neste domingo, jogadores de Magic ao redor do Brasil estarão
enfrentando o seguinte dilema:
- Renderem-se á data criada pelo comércio para alavancar as
vendas em pleno inverno (época de movimento fraco, exceto nas cidades que
contam com o turismo sazonal de inverno), e baterem cartão no almoço familiar;
- Ou serem a ovelha negra da família e irem jogar cartinhas
como se fosse um domingo como qualquer outro, e ser amaldiçoado pela sua mãe,
pela sua vó e por aquela sua tia que vai se gabar pelo filho dela virgem, de 30
anos que ainda mora com ela, ter ido e você não;
Pois é... No meu caso, meu pai é bastante compreensivo, e
sabe que após o campeonato irei lá dar um abraço nele e sentar pra ver o jogo
das 16 horas no sofá da sala.
Aliás, meu pai fez parte do início de minha jornada como
jogador de Magic.
Eu estava com 14 anos, e tinha acabado de ingressar no
colégio técnico da cidade, para fazer o curso
de informática. Nunca fui do tipo nerd, já que tirava boas notas, porém era
extremamente bagunceiro, o terror das professoras. Meu hobby era o futebol,
tanto como jogador, como torcedor da Sociedade Esportiva Palmeiras (para o
desgosto de meu pai corinthiano). E nunca tinha sido adepto de jogo algum.
Video-game? Passava longe... Sempre fui aquela criança hiperativa que ralava o
joelho brincando na rua e tomava tombo tentando catar goiaba/manga/insiraumafrutaaqui.
Mas eu herdei uma paixão de meu pai: o xadrez. Fui ensinado por ele, e sempre
ganhava nossas partidas, a princípio para me incentivar, ele me deixava ganhar algumas partidas. Depois eu
simplesmente peguei gosto pelo jogo, e não parei mais de jogar.
E não é que nesse colégio o xadrez era jogado pelos alunos nos corredores? Foi o paraíso para mim. E logo comecei a jogar com a galera da escola.
Vou fazer aqui um adendo: quem me conhece, sabe que sou
extremamente competitivo, do par ou ímpar até ao xadrez. E eu sempre buscava
jogar contra os melhores jogadores da escola. Se eu perdia, eu pedia para jogar
novamente, sempre memorizando os lances do jogo anterior, para tentar enxergar
meus erros e tentar vencer.
Só que aí, comecei a notar que meus amigos de escola,
estavam parando de jogar xadrez. O motivo? Uns baralhos com uns desenhos
estranhos, que eles chamavam de Magic. Primeiramente, eu surtei, tentando
fazê-los não desistirem de jogar o xadrez, pois na minha cabeça não cabia como
um esporte consagrado como o xadrez poderia ser abandonado em detrimento a um
jogo de cartinhas xexelento (desculpe a blasfêmia, Urza)?
Como estou escrevendo esse texto, e ele não é sobre
estratégias de xadrez, vocês devem imaginar que o ditado “se não pode com eles,
junte-se a eles” prevaleceu. E em pouco tempo, lá estava o Rafael, no meio dos
nerds, economizando o dinheiro do lanche para comprar aquelas cartinhas (lembra
disso, Teberga?).
Em pouco tempo, eu já tinha o meu deck formado: verde e branco
com as cores do Palmeiras. E como todo jogador de Magic em seu início na infância/adolescência, eu tive a total desaprovação de minha mãe:
- “Eu vi reportagens sobre isso no Aqui e Agora... Lá disse que
um grupo de jovens cometeu um sacrifício humano por causa desse jogo do
demônio... Pode dar um sumiço nisso, que na minha casa isso não entra...” –
Mãe, Minha
Como todo adolescente rebelde, eu escondi minha cartinhas e
continuei jogando escondido. Em pouco tempo, comecei a acumular cartas e ter um
deck melhor: um RG Sligh. Aqui eu utilizei uma estratégia dos tempos de xadrez: sempre tentava dar o "pastor", jogada em que se ganhava em poucos movimentos. Assim, meu deck matava de forma rápido com raio, incinerar, crescimento
desenfreado e bixos verdes de 1 mana e poder 2 ou 3, além de (como todo
molequinho), minha carta preferida, o Ent da Semente dos Ventos S2 ...
Nessa época, tinha o Gustavo (Tio Chico, hoje o dono da
Universo Paralelo) que nos municiava com cartas (leia-se, nos extroquia) e nos
ensinava um pouco sobre estratégia e nos mostrava cards que não conhecíamos. Em
um belo dia, ele nos dá a notícia de que haveria um torneio de Magic no ginásio
do colégio. Fiquei eufórico, e contei para minha mãe (afinal, no auge dos meus
15 anos eu tinha de avisar onde eu ia num domingo de manhã), pedindo permissão.
Ela esbravejou, xingou, praguejou e lamentou a pária que tinha dentro de casa.
Mas meu pai, a acalmou, comprando a bronca e dizendo que me levaria ao
campeonato.
Fiquei muito contente, e me pareceu uma eternidade a espera
para o dia do evento. Treinei muito com meus colegas, e vi que meu baralho era
muito divertido de jogar (mal sabia que ali, iniciava-se uma longa história de
amor entre os decks agros e eu). No dia, acordei cedo e entrei no banco do
carona com meu pai. Quando cheguei ao campeonato, vi que as mesas estavam
dispostas, todas brancas e com duas cadeiras, uma de cada lado. E deviam ter
cerca de 30 jogadores. Colegas do meu colégio e muitos outros que mal conhecia
(entre eles o Aristides, ex-campeão nacional).
Para minha surpresa, meu pai foi conversar com o Gustavo, e
queria saber sobre o jogo, o campeonato e como funcionaria o evento. Ficou uma
meia hora nesse papo, enquanto eu me preparava para a primeira rodada.
Ao fim do campeonato, eu havia sido eliminado nas semi-finais,
atropelado por um Oath of Druids que não parava de trazer bixões pro jogo.Meus
Ents da Semente dos Ventos não me ajudaram em nada nessa partida, mas haviam me levado muito além do que eu esperava. Dessa forma, ao fim do
campeonato, eu fui informado que havia ficado em terceiro lugar.
Meu pai ao ficar
sabendo da notícia (na hora em que ele foi me buscar), abriu um sorriso, me deu
um abraço e os parabéns.
Nunca vou me esquecer desse dia, pois nele, não me importava
o resultado, a premiação ou a colocação no campeonato. Aquele abraço e os
parabéns de meu pai, valeram mais que tudo o que já ganhei no Magic. E se hoje,
eu continuo jogando (para o terror de minha mãe e de minha namorada), é por
causa do apoio que ele me deu nesse dia.
Temos em nossa loja, muitos exemplos de pais que acompanham os filhos. Inclusive alguns pais que jogam com os os filhos (chegando a enfrentá-los em campeonatos), como vocês podem ver nas fotos abaixo.
E cá entre nós: todo jogador de Magic tem o sonho de um dia seu filho também se embrenhar pelo caminho das cartinhas do tinhoso. E quando eu for pai, levarei meu filho(a) no dia dos pais, jogar magic com ele...
E você, irá jogar ou não nesse domingo?
Além disso, você também tem alguma história envolvendo seu pai e o Magic?
Nada como ter o apoio dos pais em algo que goste muito de fazer. Mesmo que, no caso, seja apenas o pai ou a mãe. Seu pai ficaria feliz em saber sobre isso que você escreveu. Obs.: a namorada aqui não fica no terror por você jogar Magic. =*
ResponderExcluirBruna
Post top! Parabéns!
ResponderExcluir(PS: Eu já levei tanto unfollow por escrever "domingo eu quero ve-er domingo passar" domingo, no twitter...