quinta-feira, 13 de julho de 2017

Nosce te ipsum


Bom dia, meus caros amigos da Liga Arena!

Se há algo que me dá prazer nessa vida é escrever estas 8 palavras (além, é claro, de ouvir um bom pagode e jogar nosso maldito joguinho de estampas ilustradas mágicas). Porque isso indica que está na hora de mais um artigo chegar falando no seu cangote, cheirando à desodorante Avanço e com aquele bafo característico de coxinha de bar e guaraná Piracaia. E se essa introdução ainda não deixou suficientemente claro, eu sou o Élcio!

Nesta semana, eu estava cansado de fazer listas, então vim dividir com você um dos maiores aprendizados que eu tive em minha curta trajetória como jogador de Magic: The Gathering mais-ou-menos competitivo.

Eu não sou um exímio jogador, não entendo horrores sobre as regras do jogo e, muito menos, sou um bom deckbuilder. Mas, é certamente nesta última parte que jaz o aspecto do Magic que mais me entrete: criar decks. Elaborar uma estratégia consistente, entender os números e traçar sinergias entre as cartas é exatamente onde reside a maior parte do meu interesse sobre o Magic. E nesses últimos anos eu tentei montar todo tipo de deck que você possa imaginar: monogreen ramp, 5-colors fractius, UR aggro, jeskai control, jund death’s shadow, esper draw-go, esper midrange, UW control, esper tribal de espíritos, enfim... gastei um tempo enorme da minha vida tentando montar algo novo, ao invés de simplesmente coletar na internet uma lista que foi bem em um GP. Não porque eu ache que netdecking é certo ou errado, e este texto nem pretende tratar disso.

A grande lição que tirei destas pequenas aventuras foi a seguinte: entenda o que o seu deck faz. Parece óbvio, não? Mas para muitos jogadores iniciantes, e às vezes, até para jogadores que já tem um tempo de jogo, esse conceito de autoconhecimento não é muito sólido.
Por exemplo, vejamos esta lista:



Vou proteger a identidade do autor do deck, por razões óbvias.
O deck é o famigerado UB Mill. Não vamos discutir se UB Mill é bom. Não vamos tentar compará-lo com outros decks tier 1.

Vamos nos focar no que o deck deveria fazer, e no que ele não está fazendo: millar (Deus, eu odeio estrangeirismos) o oponente. O problema central deste deck, e de várias outras listas pelo mundo afora, é que ele não foca em sua estratégia central. Quando avaliamos matematicamente a lista, percebemos que nosso amigo está usando 15 feitiços que colocam cartas do topo do grimório no cemitério, e um pacote de 19 criaturas não tem nenhum propósito convergente para o fim do jogo, exceto talvez pelo esquisitíssimo Nemesis of Reason. E, não obstante, ele ainda aposta na improvável interação de AcademyResearchers com Eldrazi Conscription.

Percebem o erro?

O deck não converge para uma wincon consistente, mas sim tem vários planos B e nenhum plano A. É similar também o raciocínio de usar Consuming Aberration nesta estratégia: é uma criatura que cresce e cresce a cada spell..., mas você não quer uma criatura grande para dar porrada, você quer que o grimório do seu oponente acabe.

Sempre que tentamos desenhar um novo deck, portanto, temos que definir nossas metas, ou seja, temos que sentar e responder, em poucas palavras: como meu deck ganha?

Em cima disso, devemos elencar as cartas que nos levam para perto da vitória, seja isso através de muito dano na cara do oponente, através de controle e interação com a mesa até que minha Celestial Colonnade consiga atacar sem ser barrada, através de cantrips e tutores para completar meu combo ou Através da Brecha e PLAW! GRISELBRAND E BORBORYGMOS ENRAGED NA SUA CARA, PALHAÇO!

Desculpa.

Voltando ao deck do nosso amigo e amarrando meu argumento: o problema central da lista é que ela se apresenta na forma de um híbrido de control e mill, que, exceto em partidas extremamente esporádicas, não controla e nem milla. E é isso que você deve evitar quando decidir criar o seu deck, esta falta de foco. Se você quer controlar, controle. Se você quer dar porrada, use muitas criaturas fortes. Se você quer usar um combo ousado, tenha uma estrutura rápida que te permita achar as partes dele e protege-lo da interação do seu oponente até a vitória. E se você quer millar, aposte na sinergia de Hedron Crab com muitas fetchlands, usa várias cópias de Glimpse TheUnthinkable, copiando com Isochron Scepter ou Snapcaster Mage ou, até mesmo, siga aquela ideia absurda de Ghost Quarter 


seguido de Archive Trap. Existem muitas possibilidades de estratégias diferenciadas no Magic, basta entende-las e direcioná-las da maneira certa para que seu seja o melhor possível para você. E se você tem cartas na lista que não direcionam para lugar nenhum, é melhor tirá-las do deck e colocar outras mágicas no lugar.

E é isso aí, rapaziada. Espero que este amontoado de informações confusas e desconexas tenha dado alguma ideia boa a vocês, ou que pelo menos tenha rendido alguns sorrisos.

Um forte abraço e até a próxima semana!

Hm, no seu passe, raio na Birds.




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