segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

skill vs. sorte






skill vs. sorte








Das diversas discussões ocorrentes nos encontros de Magic, uma das mais acaloradas é a que diz respeito a sorte no jogo. Não é preciso muita experiência para ter presenciado uma partida onde um top draw acabou com o jogo, ou poderia ter acabado, e não o fez, ou que tenha acontecido a tão temida zica. Geralmente essas situações são seguidas de comentários, sérios ou não, como “Magic é pura sorte...” Por outro lado, a presença dos mesmos rostos nos top 8 de grandes torneios não deixa dúvidas de que o Magic é um jogo de habilidade, e o atual metagame de todos os formatos só reafirma a importância das escolhas quem está por trás das cartas, antes e durante as partidas. Então, o que dizer sobre a sorte diante desse cenário?
A princípio, é importante ter em mente de que o Magic é um jogo onde a aleatoriedade é um fator importante. E há, nas regras, inúmeras mecânicas que garantem essa importância (limitação do número de cópias de uma carta no deck, o embaralhamento, o acesso limitado as cartas do deck, etc). Um bom jogador deve saber lidar com a aleatoriedade, e entender como ela interage com sua estratégia. Isso não quer dizer que se deva ceder à sorte. Muito pelo contrário, deve-se pensar em maneiras de minimizar a sorte, para fins de atingir a win condition da maneira mais rápida (no caso de aggro ou combo), ou para conseguir o controle da mesa. O quanto você dependerá da sorte para vencer uma partida é uma escolha feita por você na construção do deck, e escolhas remetem a habilidade.
         Seguindo a linha de raciocínio na qual o fator sorte deve ser minimizado, conseguindo assim ter controle sobre sua estratégia, todos os decks, hipoteticamente, deveriam jogar com cartas de compra e de busca, e não é isso que acontece. Há decks fortes que não necessitam (ou necessitam pouco) de tais recursos para funcionar bem, como o White Winnie atualmente no Extended ou o clássico Mono Red, entre tantos outros. No entanto, tais decks dependem de uma mão inicial que garante boa parte da vitória, afinal, você contará normalmente com apenas um draw por turno. Isso quebra a teoria de que Magic é skill, e não sorte para ter as cartas certas na hora certa? A resposta é não, e não há contradição nenhuma aqui. Mais uma vez trata-se de uma escolha, ou seja, habilidade. As win conditions desses decks são sacrificadas pela presença de cartas que arrastam o jogo. Não há tempo para draws adicionais. Saber lidar com esse tipo de estratégia levando em conta a aleatoriedade é habilidade.
E quanto aos decks fast combo? Existem combinações de cartas que ganham o jogo no primeiro turno se houver uma mão perfeita, ou seja, se houver sorte. Não há sequer interação com o oponente em alguns casos. Podemos citar como exemplo o WW Quest, cuja combinação ganha de qualquer deck do formato Standard no segundo turno em muitos casos. Com muita sorte pode-se ganhar no primeiro turno. Porém, no caso de um mid game as chances de vitória caem drasticamente, e continuam caindo a turno após turno. Para chegarmos a uma conclusão sobre o custo benefício da dependência da sorte, basta observar os resultados obtidos por esse tipo de deck em torneios. Fast combos quase sempre tropeçam no meio do caminho rumo a uma boa colocação. Por isso é importante a presença de cartas que garantam o combo ou concedam uma plano B caso o combo rápido falhe. Esses são recursos que fazem o deck depender menos da mão perfeita para ganhar, e que fornecem mais opções de jogo durante a partida. Mais uma vez, a melhor escolha é minimizar a dependência da sorte, favorecendo a habilidade.
 
       Existem várias outras situações interessantes onde se pode discutir sobre a sorte no Magic. O fato é que ela sempre estará presente em maior ou menor grau. O grande erro é achar que habilidade é pouco significante perante as probabilidades. Quando na verdade a capacidade de manipular a sorte é uma das maiores skills de um jogador.
Comentem, concorderm ou discordem, e falem sobre situações interessantes a respeito do assunto!

Por: Francisco Ferreira  [Chico]

2 comentários:

  1. Excelente artigo Chico, curti a explicação sobre a Skill interferir diretamente na sorte e eu concordo 100% com isso.
    "Ah foi azar eu ter comprado Inquisição de Kozilek, se tivesse comprado Coergir teria ganho" -> É teria, mas foi vc que escolheu usar 3 Inquisição e 1 Coergir, foi aqui que vc perdeu e não no top draw :)

    Sobre os combos, gosto mt de falar sobre eles, pq curto jogar de combo e só queria acrescentar algo sobre os fast combos como vc citou: a fragilidade desses decks não está exatamente no "clock" de X turnos para matar e sim nas opções q vc possui para lidar com esse clock.
    O Ad Nauseam pré-ban de tutor mistico é um exemplo perfeito, era um deck bem rápido, matava nos primeiros turnos, mas em alguns matchs, pós-side o jogo podia se estender para dar mais segurança ao combo e garantir a vitória (com disrupts e chants) e é por isso que era o deck mais forte do ambiente pq conseguia se adaptar ao formato, aos decks adversários e mesmo assim vencer.

    Mais uma vez, parabéns Chico!

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  2. Ótimo artigo! Muito bem escrito e tema bem interessante...

    Os jogadores normalmente ressaltam o azar que tiveram nas partidas/torneios, e ignoram a sorte que tiveram em outros momentos. É sempre mais fácil apontar culpados para derrotas e se exaltar por vitórias :)

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