quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Reporte de campanha: Murder in Baldur’s Gate







Olá, meu nome é Francisco Ferreira, conhecido simplesmente como Chico. Talvez você já tenha lido algum artigo/postagem minha sobre Magic, mas hoje vou dar início a uma série de artigos que tratam de outro hobby que eu cultivo há alguns anos: RPG.

Antes de falar sobre a campanha Murder in Baldur’s Gate é importante situar você a respeito dos D&D Encounters. Trata-se de um programa incentivado pela própria Wizards of the Coast, em suas lojas “core”, onde cada semana se joga parte de uma mini campanha, que durará cerca de 3 meses. A campanha da vez é situada no cenário de Forgotten Realms (traduzido pela Devir como Reinos Esquecidos), na cidade de Baldur’s Gate. As duas grandes novidades da MiBG em relação aos encounters anteriores é que pela primeira vez o mestre pode escolher seu sistema de regras favorito, entre as 3 últimas edições do Dungeons & Dragons (D&D 3.X, 4ª edição ou o playtest do D&D Next), e que os reportes enviados para a Wizards sobre essa campanha influenciarão nas mudanças que ocorrerão no cenário de Forgotten Realms em sua nova roupagem para D&D Next. Mais sobre D&D e Forgotten Realms pode ser encontrado aqui.



Agora sim, vamos ao reporte. (Obs.: optei por manter alguns nomes próprios dos locais, títulos, etc em inglês, tanto para facilitar a pesquisa em outras fontes, como pela inconveniência em traduzi-los).

Personagens dos jogadores

Sir Graven da Mortalha (dragonborn, paladino nível 1):


Campeão da justiça e da bondade, cresceu como um acólito no templo onde foi abandonado quando bebê. Veio a Baldur’s Gate atendendo a um sonho profético enviado por sua divindade patrona, Bahamut, onde foi predito que um grande mal estava crescendo.




Malzafar (elfo da floresta, ranger nível 1):


Nativo das florestas, Malzafar aprendeu a caçar e a sobreviver na natureza, mas agora se encontra em uma cidade grande, diferente de tudo que ele já viu, e longe da companhia dos seus semelhantes.








Milner (humano, guerreiro nível 1):


Esse jovem e ambicioso caçador de recompensas viu em Baldur’s Gate a chance para ganhar mais ouro na busca por alvos mais arriscados da sua lista de procurados.









Curisco (halfling, ladino nível 1):


Pequeno e jovial, o típico halfling aventureiro, porém com os dedos mais lépidos do que o normal. Insiste em adquirir objetos alheios, mas não vê nenhuma maldade nisso, ele só os guarda em seus bolsos para evitar que alguém os roube. Encontrou em Baldur’s Gate um segundo lar, uma vez que ama os ambientes proporcionados pelas tavernas da cidade.







Azog (meio-orc, bárbaro nível 1):


Esse aprendiz de ferreiro impaciente é também um combatente furioso. Devido a sua herança híbrida seu lugar no mundo é incerto. Em uma de suas andanças acabou em Baldur’s Gate, para o feriado do Founder’s Day, e para visitar seus companheiros da guilda dos ferreiros dos meio-orcs.








Prólogo


Baldur’s Gate é uma grande cidade portuária, morada de dezenas de milhares de almas. Dentre elas figuram desde alguns dos mais influentes e poderosos lordes dos reinos até os mais pobres párias da sociedade, moradores dos guetos da Cidade Externa.

Há muito tempo atrás Baldur’s Gate não tinha esse nome, era chamada de Gray Harbor, e não passava de mais um vilarejo às margens do Rio Chiontar. Até que um próspero aventureiro, Balduran, cuja terra natal era este vilarejo, investiu parte de sua fortuna a fim de construir uma grande muralha em volta de Gray Harbor, protegendo sua terra natal das invasões de bárbaros. Protegido, o vilarejo pôde prosperar, se tornando a grande cidade que é hoje, e foi renomeada homenageando o grande herói Balduran, sua muralha e seu portão.

Até hoje, séculos após a construção da muralha, comemora-se o feriado do Dia do Fundador. Nesse dia a entrada nos muros da cidade é isenta de taxas, atraindo muitos comerciantes e curiosos para a grande feira e para as renomadas tavernas da Baldur’s Gate. Aqui a nossa história tem início, no feriado do Dia do Fundador.


Começa com sangue

Os personagens desfrutavam das várias comidas exóticas da grande feira durante o dia de feriado. Vários patriarcas e membros do parlamento desfilavam pelo mercado exibindo suas jóias e roupas de seda, comerciantes dos mais distantes cantos do mundo exibiam suas mercadorias nas tendas, trombadinhas espalhavam-se a procura de desprevenidos possuidores de bolsas de ouro. Um palanque de madeira estava montado em meio às barracas, em torno do qual a aglomeração de pessoas aumentava enquanto Abdel Adrian, um dos quatro duques de Baldur’s Gate, considerado por muitos o maior herói da cidade, à sombra apenas do próprio Balduran, subiu as escadas de madeira para discursar em honra da cidade. O caos se instaurou no momento em que um virote foi disparado para a multidão, seguido por outros virotes e golpes de faca desferidos contra os cidadãos de Baldur’s Gate. No palanque do discurso uma figura sombria surgiu para enfrentar Abdel, dando início a um massacre.

Os aventureiros logo se colocaram em combate direto contra esses assassinos. Uma luta sangrenta seguiu, com a morte do algoz de Abdel, graças à ajuda prestada pelos heróis.

Todo sangue e vísceras, parecia não haver chances de sobrevivência para Abdel, no entanto uma espécie de fluido vital começou a migrar para o corpo do duque a partir do cadáver de seu inimigo, restaurando seus ferimentos e fechando sua carne. Esse confronto poderia ter tido um final feliz para Abdel Adrian, não fosse uma mutação que, após curá-lo, transformou-o num monstro. Este ser que fora outrora o aclamado herói de Baldur’s Gate, passou a atacar ferozmente tudo que estava em seu caminho. Sem escolha, os heróis abateram a criatura sanguinária, deixando sobre o palanque um cadáver disforme fedendo a enxofre.


                                



O atentado contra o maior nome da cidade estava envolvido por mistérios, no momento intangíveis para os aventureiros. Mas algumas importantes personalidades de Baldur’s Gate desejavam aproximar-se dos “Heróis do Mercado” para tê-los como aliados. Três abordagens foram feitas enquanto os feridos eram atendidos e os mortos recolhidos. Ulder Ravengard, recém proclamado Marechal da companhia mercenária Flaming Fist (esse posto era de Abdel Adrian), apresentou-se pessoalmente, convocando os heróis para uma audiência em Wyrm’s Rock, caso eles tivessem interesse em trabalhar nas fileiras da maior força militar de Baldur’s Gate. Imbralym Skoond, um membro do parlamento de aparência exótica, aproximou-se dos heróis em nome de seu senhor, Duque Torlin Silvershield, um dos quatro (agora três) grandes duques e alto sacerdote de Gond, deus da inovação e tecnologia. Por fim um mendigo manco entrou em contato com alguns dos heróis, dizendo na linguagem de sinais do submundo para o encontrarem no Portão do Basilisco ao pôr do sol, e que nenhum outro além dele iria dizer a verdade sobre o que estaria acontecendo em Baldur’s Gate. As propostas foram lançadas, e o destino da cidade agora contaria com mais algumas mãos para moldá-lo: a dos nossos heróis.



O Basilisco


Os aventureiros, ou Heróis do Mercado, como muitos em Baldur’s Gate já os denominavam, se encaminharam para o Portão do Basilisco, chamado assim pela presença das estátuas grotescas ao seu redor. Parte do grupo se interessou pela proposta do Marechal Ravengard, e o restante estava intrigado com o velho mendigo, portanto, até esse portão o caminho de todos era comum.

A evacuação do mercado após o atentado ao Duque Abdel Adrian fez com que o Portão do Basilisco ficasse apinhado de comerciantes que vivem na Cidade Externa. Soma-se isso a procura por um escudo que fora roubado há pouco do escritório do mestre dos portos, e o resultado não poderia ser outro senão uma fila enorme para deixar a Cidade Baixa rumo a Cidade Externa. Seis homens dos Flaming Fists revistavam tudo que fosse maior que uma bolsa, e taxas abusivas (abusivas demais para um grupo de aventureiros de primeira viagem) eram cobradas por um anão cheio de si, Nant Thangol, responsável pelo pedágio daquele portão. O apelido do cobrador de impostos: Basilisco.

Azog, o meio-orc, desentendeu-se com os Flaming Fists ao recusar-se a pagar para passar, alegando que se não fosse pela ajuda dele no mercado, a cidade estaria perdida. Enquanto isso Curisco se escondeu numa caixa que já havia sido revistada, conseguindo passar sem abrir mão um cobre sequer. Os outros pagaram normalmente suas taxas, combinando um lugar para se encontrarem com Azog no dia seguinte, pois este ganhara uma noite na prisão em Seatower of Balduran, por desacato aos Flaming Fists.

Fora dos muros da cidade o grupo foi abordado por um simpático anão que se apresenta como Mareak, que lamentou o sofrimento daquele povo, que vivia nos guetos da Cidade Externa, e todos os dias passavam por aquela humilhação no Portão do Basilisco. “Mesmo sem a proteção e as facilidades de viver dentro das muralhas, as taxas e impostos caem pesadamente sobre essas pobres almas.” Disse o anão, que também vivia na cidade externa após ter sido obrigado a abandonar seu lar nas montanhas ao extremo norte. Ele convidou o grupo para um jantar em sua humilde casa, convite rapidamente aceito pelo halfling Curisco. Malzafar preferiu esperar pelo pôr do sol nas redondezas do portão, à espera do misterioso mendigo manco, enquanto Milner e Sir Graven seguiram seu caminho ao encontro do Marechal Ravengard, na fortaleza Wyrm’s Rock.
                                                              







Encontrando Ravengard


Após uma longa caminhada através dos barracos, abatedouros, e estábulos da enlameada cidade externa, Sir Gaven e Milner chegaram à enorme ponte chamada Wyrm’s Crossing, cuja rocha central na qual se apóia abriga a fortaleza que representa a inquebrável força dos Flaming Fists: Wyrm’s Rock. Bastou dizer a que vieram, logo foram levados à sala mais alta da fortaleza, o escritório de Ulder Ravengard, tornado Marechal da companhia há algumas horas.

Ravengard foi bem direto quanto ao seu propósito no momento. “Os Flaming Fists são encarregados de proteger a cidade, e nosso inimigo principal não é nenhum inimigo ancestral ou força oculta, mas sim uma organização criminosa chamada Guilda. Eles nos cercam como um exército sitiando Baldur’s Gate, fazem vítimas sempre onde os Flaming Fists não estão, e crescem a cada dia, empesteando nossa política e nossos negócios.

“Abdel Adrian era o maior cidadão dessa cidade, desde Balduran. Até que um assassino da Guilda o atacou em plena luz do dia. Vou massacrá-los por isso.”

O caçador de recompensas e o paladino aceitaram prontamente estarem a serviço da companhia mercenária, recebendo suas insígnias e aguardando as primeiras ordens em seus novos aposentos na fortaleza.


Encontrando o velho mendigo


De volta à parte externa do Portão do Basilisco. Malzafar aguardou nas redondezas enquanto Curisco voltava de bucho cheio da casa de Mareak. Alguns instantes após anoitecer, a mesma figura que se comunicara com eles na feira apareceu por entre as sombras, fazendo sinais para que eles o seguissem, mas não de muito perto. O caminho se aproximava do bairro Pequena Calimshan, uma “cidadezinha” que, apesar de estar na Cidade Externa, lugar de desordem, sujeira e um mundo de foras-da-lei, conta com sua própria muralha e um conjunto de casas e comércios bem organizado, tudo ao estilo de Calimshan, país de origem dos refugiados que deixaram sua terra natal rumo a Baldur’s Gate por conta de uma guerra.
                                    
Os dois entraram nos muros do bairro sem a objeção de nenhum dos seguranças que patrulhavam as muralhas, sendo levados até um prédio com o letreiro “Empório de Jóias Calim”, entrando pela porta dos fundos. Caminharam cautelosamente pelos corredores do prédio seguindo uma única fonte de luz, que se mostrou ser uma sala coberta por tapeçarias e almofadas. Um velho alto e esguio, dono de uma barba longa e um grande turbante verde, estava sentado numa das almofadas, e convidou os aventureiros a sentarem, e a se servirem de uma espécie de carne que estava sendo defumada no centro do aposento. Num canto da sala, por detrás de um biombo, uma figura feminina, de cabelos negros e curtos, revelou-se, desgrudando do rosto os últimos fios de uma barba falsa. Ela se apresentou como Rilsa Rael, uma pessoa frustrada com as injustiças de Baldur’s Gate, e pronta para roubar qualquer cobrador de impostos corrupto para dar um futuro às pessoas que vivem na Cidade Externa. Além disso, ela se revelou um membro da Guilda. “Os patriarcas e os Fists culpam a Guilda por tudo de errado que existe, e depois sentam suas bundas em cadeiras de ouro. Você viu a Cidade Externa! Não há lei aqui, a não ser pela Guilda. Eu ajudo a Guilda a dar esperança a essas pessoas.”

Nenhum dos aventureiros assumiu um compromisso para com a Guilda, prometendo pensar na proposta, e entrar em contato caso a resposta fosse afirmativa.
                                             
                 

Reencontro


No dia seguinte o grupo se encontrou numa estalagem chamada Blade and Stars, o motivo do nome é o escudo mágico pendurado sobre sua porta de entrada, no qual brilha um céu de estrelas acima de um sabre. Pediram a refeição e discutiram o que fazer. Azog, Curisco e Malzafar não sabiam, mas os dois mais novos contratados dos Flaming Fists já tinham uma missão: fechar dois cassinos da cidade; Low Lantern, um navio que foi adaptado para ser um grande bordel; e o Oasis, uma casa noturna que fica na Pequena Calimshan. Ravengard acreditava que ambos os locais tinham fortes ligações com a Guilda. Azog e Curisco decidiram procurar por Imbralym Skoond, o membro do parlamento que os contatou no dia anterior. Sir Graven da Mortalha e o jovem Milner rumaram para as proximidades do Low Lantern, ficando no aguardo da abertura do estabelecimento. Malzafar os seguiu, apesar da ignorância em relação ao intuito da visita ao cassino. Quando a ponte foi posta entre o piso do porto e a porta de entrada do navio bordel, o trio adentrou. O lugar tinha diversos aposentos onde funcionavam mesas de carteado, dados, dardos, rinhas de galo, mesas para bebedeiras e conversas às escuras, e quartos para diversão com meretrizes. Milner se aliou com sua amoralidade e comprou fichas de aposta para se divertir e ganhar algum dinheiro antes de fechar a casa de apostas. Sir Graven, sentindo-se desconfortável com o ambiente, marchou para Pequena Calimshan, para fechar o segundo alvo de sua missão, o Oasis. Malzafar, continuando sem entender, deixou a companhia da dupla, só para secretamente seguir Sir Graven até seu objetivo.

Nessa mesma tarde Azog e Curisco partiram em busca de Skoond, procurando-o na reunião do parlamento, que acontecia no High Hall (centro administrativo de Baldur’s Gate), em sua mansão e em algumas tavernas nos arredores, mas só o encontraram no início da noite, quando ele chegou a sua casa carregando uma pesada caixa de madeira. Depois de deixar a dupla esperando do lado de fora da mansão enquanto se recompunha, levou-os a uma taverna chamada Three Old Kegs, onde pagou um jantar luxuoso e rodadas de caras bebidas. Durante todo esse tempo falou sobre como funcionva a política em Baldur’s Gate: o parlamento, os patriarcas, os quatro duques, etc; sempre ressaltando como esse sistema de poderes era importante para manter a paz e a ordem na cidade. Após o jantar Imbralym levou Azog e Curisco para uma audiência com seu senhor: Duque Torlin Silvershield.


                  












Encontro com Silvershield


Não encontrando o duque em sua residência, Skoon vai até a High House of Wonders, a grande construção que servia de lar e local de trabalho para os sacerdotes de Gond. Em sua sala particular se encontrava o líder dessa ordem religiosa, Torlin Silvershield, trajando finas roupas com as cores de sua divindade patrona (vermelho e amarelo), ele recebeu os aventureiros com muita polidez, oferecendo um alto pagamento e status na Cidade Alta em troca dos seus serviços. Sua postura contra a Guilda se mostrou bem firme. “Nossa cidade está podre por dentro. Quem ousaria confrontar um herói venerado como Abdel se não aqueles que juram lealdade às forças das trevas? Muitos vieram à nossa cidade em busca de abrigo e refúgio, e nós Baldurianos abrimos nossas portas. Mas eles trouxeram consigo uma semente pútrida – crenças profanas e deuses proibidos. Eu pretendo extirpar essa imundície de nossa cidade, e recolocar Baldur’s Gate em seu antigo lugar de respeito.

“As pessoas de que eu falo fazem parte de uma cabala de ladrões e arruaceiros  conhecidos como Guilda, como se eles merecessem tal nome. Seus dedos cancerígenos chegam até as nossas mais respeitáveis instituições. Têm comparsas na corte e até mesmo entre os Flaming Fists. Para deceparmos esse braço podre da sociedade eu preciso saber quem eles são. Preciso de alguém que rastreiem-nos até chegarmos aos seus líderes.”

A dupla aceitou os serviços, e logo receberam a primeira missão, que consistia em prender três indivíduos suspeitos de se relacionarem com a Guilda: Yssra Brackrel, uma meia-elfa que vivia em Wyrm’s Crossing; Laraelra Thundreth, meia-elfa dona da estalagem Low Lantern (a mesma que Sir Graven e Milner foram incumbidos de fechar); e o patriarca Norold Dlusker, dono de alguns comércios na cidade.


Fim da sessão de jogo.


No próximo reporte de campanha veremos os aventureiros nas execuções das primeiras missões (ação!!), conheceremos mais personagens notáveis da cidade, veremos para onde as intrigas e chantagens desses três influentes personagens, Rilsa, Ravengard e Silvershield, levarão a cidade de Baldur’s Gate, e como os nossos heróis escolherão tomar parte nos acontecimentos que estão por vir.


Até a próxima semana!

Todo domingo 15:00 horas na ARENA

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