Burn
Deck Wins! Queime (os oponentes) depois de ler!
Por: Tio Hélio
Nariz de
cera + História da minha vida
Jogo
má-o-menos de burn/sligh desde 1997. Sou velho. Eu via preço de cartas na
InQuest, passava wasteland por um real, abri City of Brass no deck de quinta
edição. Sou melhor do que alguém por isso? Certamente não. Mas o tempo traz
conforto espiritual. Acreditar que você se divertia mais do que as pessoas se
divertem hoje é algo prazeroso, mesmo que a prudência, o discernimento e o
mínimo de humildade digam na sua cabeça que talvez isso não seja verdade. Mas a
gente achava Esfera de Raios boa e era
feliz assim.
Eu
sempre mantive o Magic dentro dos padrões budget porque eu jogo casualmente,
mais por diversão mesmo, não por competição (apesar disso fazer sentido na
minha cabeça, analisando-se friamente não é uma boa ideia, pois isso é
basicamente jogar como todo mundo joga sem ter nenhum retorno por isso). No
início, jogava de burn porque era “um deck tipo um barato”.
Tenho o deck montado – pelo
menos tortamente – desde 1998. Algumas cartas entraram (Goblin Guide), outras
favoritas saíram (Ball Lightning, Jackal Pup, Tática de Guerrilha...). As
pessoas jogavam de White Winnie, de Mono-black, de Mono-Blue... Com o tempo
esses arquétipos foram sumindo, indo e voltando, mas o Burn sempre esteve
presente como uma não tão silenciosa testemunha da história. Mesmo quase nunca
vencendo, o deck estava sempre lutando. Cade vocês, Leões da Savana?
Esse
arquétipo, algumas vezes considerado inferior, é bem especial para mim. Ele tem
muito a ver com minha vida de Magic. Mesmo com muita gente torcendo o nariz, o
deck sempre aparecia, sendo considerado por alguns pouco competitivo. Até que
em 2012, o Burn ganhou 2 SCG-Open seguidos. Sempre li muita coisa sobre o deck,
por isso resolvi colocar nesse texto um amontoado de links e informações
colhidas com o passar dos anos.
Coisas
primeiras
- Burn
se resume a jogar mágicas no oponente
- Burn
não ganha de ninguém
- Burn é
um deck que usa fetchland para filtrar, servir de combustível pro lavamancer,
etc.
-
Browbeat pode ser considerada uma carta
Além
disso, Austin Yost ganhou o SCG open em 22/01/2012 com essa lista (report +
link: http://bit.ly/xu7IfE ).
Yost é
um cara muito gente boa, que sempre responde o que a gente pergunta pra ele
no fórum Salvation. O report dele
explica bem os matches e a função de cada carta. Pra quem não tá a fim de ler o
report inteiro, resumidamente:
- Ele não
é um cara que joga com burn porque é vermelho, “budget” e “muito louco”
(eu jogo com o deck por esses motivos). Entre “n” motivos, ele gosta do deck
por ser veloz e consistente.
- Ele
comprou o deck em Las Vegas com dinheiro emprestado, jogou 3 opens (top 8, 5-4
e top 1) e 1 Invitational (top 32). Bons resultados.
- Essa
versão do deck foi desenvolvida especificamente para o metagame do SCG Open
(sim, precisa ajustar o deck ao metagame).
- Em
torneios ele fez 11-1 (tecnicamente, 10-1-1) contra RUG e achou GW Maverick um
matchup favorável.
Além do
artigo ter o report completo e explicação das escolhas de cartas do deck e
sideboard, tem links para os vídeos das partidas transmitidas ao vivo.
Lembrem-se de olhar isso lá.
Deck
relativamente barato e viável
Para os padrões do magic,
Legacy Burn é um deck barato. Custa mais ou menos um par de Sorin (por
enquanto) e menos do que 2x Savannah / 1,5x Tundra, de acordo com o
tcgplayer.com:
(Obs.
nunca comprei nada lá, só usei o site para linkar o deck porque ele calcula o
preço da coisa toda fazendo uma média dos preços de vários sites, mas sem
incluir o frete dos “vários sites”, se alguém for comprar o deck, é melhor
comprar num lugar só, para economizar frete).
Essa não
é a versão que eu deixo montada. Tenho certa aversão a Figure of Destiny, mas
ela é, segundo Yost, uma carta importantíssima contra RUG, por precisar ser
respondida sob pena de morte.
Aleatoriedades
Essa
seção aborda algumas das discussões mais comuns sobre o deck, respondendo
aquelas perguntas que começam com “Por que você não...”.
Burn x
Sligh: “Mas esse deck não é burn é sligh...” Poderia perder-se um tempo
discutindo essas coisas, mas não acho muito produtivo. Tecnicamente falando,
esse é um Burn modificado, incorporando elementos de Sligh, principalmente para
ter um match melhor contra azul (ou seja, um match melhor no legacy). Azul não
gosta de Hellspark Elemental e Figure of Destiny, por isso elas entraram pro
burn. Leyline of Sanctity também deu uma inviabilizada no “Burn Clássico”. Não
gosto de chamar esse deck de sligh, mas é ok dizer que ele é híbrido. Também é
OK chamar o que você quiser do que você quiser, dentro dos limites da lei, país
livre e coisa e tal...
Grim Lavamancer: Sim ele
está fora. Ele entra no turno 1 e faz nada. Para ele começar a fazer alguma
coisa, ele usa a mana do bolt que está na sua mão. Ele pode ser anulado. Figure
of Destiny tem todos esses defeitos, mas poder virar um bicho 2/2 ou 4/4 faz
com que ela tenha uma presença melhor na mesa, se necessário (contra decks
não-azuis, ela acaba saindo fora), por isso ela é um dedinho melhor. Além
disso, para jogar com lavamancer agressivamente é recomendável usar fetchlands,
que comem sua vida atrapalhando alguns matches contra aggro e tornam a
jogabilidade do deck insuportável. Estourar uma fetch quase todo turno de quase
todo jogo mecanicamente (só pra caçar montanhas) começa a encher o saco depois
de umas 5 partidas...
Qual é o
ponto forto do lavamancer? Patrick Sullivan gosta dele - ou melhor - A lista do
Patrick Sullivan usa lavamancer + fetchland e não pode ser simplesmente
ignorada. Para quem se interessar por ela, ei-la: http://magic.tcgplayer.com/db/deck.asp?deck_id=807833
.
Barbarian Ring: No deck
do Yost, Barbarian Ring é um choque que não pode ser anulado, não é uma
Montanha. Significa que, se você sentir cheiro de Wasteland, fique com ele na
mão e desça só na hora de usar. Só em último caso ele é uma montanha (ex.: mão
inicial com uma montanha e um ring sem vir outra montanha no draw). Desse
jeito, e só desse jeito, ele é legal.
O deck
joga ok com 17 terrenos, tendo em vista que isso implica em ter acesso a em
média 2,5 lands no turno 2 – ou seja – Barbarian Ring não precisa contar como
terreno que adiciona mana para o deck ser funcional. (Off-topic: eu não sei
matemática, copiei essa estatística daqui: http://bit.ly/yMYrU6
; planilha postada em: http://bit.ly/y4fvOs –
link útil...)
Chain Lightning (CL): Sem CL,
o deck fica muito mais barato. O problema é que chega a ficar muito mais lento.
Se você colocar um Choque no lugar de CL, pode ser que você deixe o oponente
com 1 de vida e perca (quando a lista está falha, isso acontece com
frequência). Se você colocar Incinerar no lugar de CL, pode ser que você fique
sem mana para dar o último bolt.
Se você
não puder usar CL, meu conselho é: testa tudo (Manamorphose, Gitaxyan Probe,
Choque, Incinerar, etc.) e veja o que você acha melhor, mas saiba que haverá
sacrifício de velocidade e/ou consistência. Um dos motivos para as pessoas
odiarem burn à primeira vista é testarem a coisa sem CL.
Flame
Rift: Joga legal, principalmente se for a única coisa do seu deck que causa
dano em você (além do Barbarian Ring como bolt). Quando é misturada com
fetchland, sulfuric vortex, etc. é que começa a dar pau. Ele não dá alvo em
jogador, ou seja, passa leyline.
Fada
Macabra: Aquela carta comum que você descarta para remover do jogo duas cartas
do cemitério do jogador alvo. Só pode ser anulada por Stifle, por ser uma
habilidade ativada. Gostei de ver o Yost usando 4, porque é “O” jeito de ganhar
de Reanimator (os artefatos felizes levam FoW). Não é aquela maravilha contra
dredge, mas o match contra reanimator é muito mais cruel. 4.
Archive
Trap: Side contra storm, bom para não morrer no 1º- ou 2º turno. Depois dá
pra tentar brincar com Pilar Pirostático.
Browbeat: Naõ.
Basicamente, você deixa o oponente escolher e, claro, ele vai escolher o que
for melhor para ele. Se você comprar três cartas (normalmente não tem o outro
se), provavelmente você não vai causar nada de dano ao oponente no turno 3 (a
ideia era causar, sei lá, entre 6 e 10), estendendo o jogo por mais um turno
para, possivelmente, usar as cartas que você comprou – ou seja –
sacrificando a velocidade, que é um dos únicos pontos fortes do deck.
Se você
causar dano com Browbeat em alguém jogando de burn, provavelmente tem alguma
coisa muito errada (com o mundo, com o deck, com seu oponente, intersecção de
universos paralelos, etc.). Não.
Splash: Os
builds com fetchlands + lavamancer costumam se dar melhor com o splash, por não
exigirem muitas alterações – uma old dual ali, umas coisinhas a menos aqui. E a
Wasteland do oponente, praticamente uma carta morta contra o Burn, começa a
trabalhar...
UR – é
estranho fazer um splash só pra usar Brainstorm. Se a ideia for colocar algo
mais do azul, talvez seja melhor partir pro UR/RUG de uma vez, que tem um
funcionamento diferente do Burn.
BR – É
um splash comum, para usar Bumb in the Night. Abre opções de sideboard.
RW, RG –
Era usado principalmente para sideboard contra encantamentos (vulgo Leyline of
Sanctity). Com o surgimento de Chaos Warp, talvez seja demais fazer um splash
só pra isso (do ponto de vista custo em dinheiro x benefício – “famoso budget” - é seguro dizer que não
compensa). Além disso, tendo sua meia dúzia de criaturas, o match contra decks usando
Leyline não muda tanto – talvez ele fique um bocadinho menos infernal do que
seria só com 4 Guides. A sugestão é treinar com o deck contra alguém que comece
o jogo sempre com seis na mão e leyline na mesa, para pegar o esquema de jogar
com criaturas e Flame Rift.
Onde ler
sobre o arquétipo (ok, fontes)
Existe
uma penca de textos sobre burn na internet. Eu destaco os seguintes.
- O
report do Yost (link lá em cima) – porque ele ganhou um evento com o deck e
fala de estratégias contra decks comuns nos metagames de legacy.
- O
primeiro post no tópico sobre Burn no fórum da salvation – está meio
desatualizado (deve sair um novo tópico dia desses), mas tem a resposta para um
monte de perguntas felizes, como porque não jogar com Wasteland, Browbeat, Ball
Lightning, etc (estão em tags de spoiler). Como o material está sendo revisto,
a avaliação de algumas cartas não é mais tão correta (ex. gritante: Barbarian
Ring e Figure of Destiny), mesmo assim, é uma boa fonte - http://bit.ly/yCnSro
- Artigo
recente sobre Burn, de um dos caras que está escrevendo a nova primer (ou pelo
menos estava) do deck na salvation - http://bit.ly/qRBcMo
Le edit:
este texto estava pronto praticamente pronto depois que o Austin Yost gahou o
SCG Open Legacy em 22/01/12. Em 05/02/12, no Open seguinte, deu Burn na cabeça
de novo! Como a decklist é mais ou menos a mesma, apenas acrescentarei o link
do deck do James Allen: http://bit.ly/whibOi (4
Figure of Destiny é muito, segundo o próprio Allen disse na entrevista.)
Conclusão
A
intenção maior desse post foi:
- falar
sobre meu deck favorito após ele ter ficado em 1º num torneio de grande
expressão – e divulgar este fato;
- tentar
responder alguns questionamentos que envolvem o deck;
- trazer
um monte de links que falam sobre/abordam/até explicam o deck em comento;
-
mostrar que o deck tem sua consistência e sua lógica, sendo um deck possível
num torneio Legacy;
- mostrar
que é possível participar de eventos desse formato (encontrar amigos,
influenciar pessoas, aquela coisa toda...) sem ter que gastar mais de um conto
de real num deck e, mesmo assim, ter alguma esperança fundada de resultado.
Uma
coisa vos digo – os outros decks de legacy vêm e vão, mas sempre vai existir
alguém jogando de Burn. Talvez por saudosismo; talvez pela diversão; talvez
para ter jogos rápidos, para poder fazer
trocas nos intervalos entre eles; talvez simplesmente por não ter grana para montar
os outros decks e talvez (lembrem-se desse último “talvez” para evitar supresas
desagradáveis) para jogar com um deck competitivo e interessante que pode se
dar bem em alguns metagames, se o jogador for bom.
Parafraseando
Ivete Sangalo:
“Comigo
é na base do Guide
Comigo é
na base do Bolt
Comigo
não tem disse me disse,
Não tem
chove não molha
Esse é o
jeito que eu sou.”
Bom
carnaval para todo mundo!
Eu vim parar aqui com um link das tops de dark as... e to admirado até agora. Parabéns! Artigo muito bem escrito, bem citado, com referencias. Vc trabalha com pesquisa em alguma universidade?
ResponderExcluirEu tenho um burn ha quase 15 anos... no inicio tinha 5 cores, hehe, depois eu descobri q jogava melhor de mono-red, dã! A única coisa q falta são os 4 chain light, mas como voltaram naquela edição fire&lightn, acredito q seja mais facil de encontrar. de modo geral, o pessoal ta passando a 25 cada, ou 100 o set.
essa leyline é um pé no saco hein?
forte abraço!
É isso ai cara.
ResponderExcluirParabéns pelo artigo e pela inteligência de admirar o nosso amado RED DECK.
Os jogadores de Magic em geral (principalmente os assim chamados "pró-player") tem um grande preconceito contra o arquétipo do deck, consideram-no inferior aos decks que rodam rodam rodam e depois de muita encheção de saco acabam ganhando por tédio.
Eu sempre fui e sempre serei um dos maiores entusiastas do bom e velho mana-bicho mana-dano, direto na vida.
Burn, baby, burn.
É curioso porque o artigo que você resumiu recebeu a seguinte resposta do especialista em legacy do CFB:
ResponderExcluirhttp://www.channelfireball.com/articles/recurring-nightmares-the-land-continues-to-burn/
Em que ele diz, mais ou menos:
1- Burn é ruim e sempre será
2- Burn só ganha se esquecerem que ele existe (subestimarem)
3- Burn não ganhará mais, porque vai ser levado a sério.
É legal ir atrás de respondê-lo, agora.
Até,
Alexandre
Muito bom o artigo, parabéns!
ResponderExcluirComecei a participar de torneios usando o Burn em Porto Alegre, num Field repleto de bons jogadores, e da pra notar o certo "temor" por parte de muitos jogadores,por ter de enfrentar um deck tão rápido quanto o Burn! Obviamente, dependerá muito do PlaySkill de cada jogador, mas ai não é apenas o Burn que se encaixa nesse quesito.
Deck Burn é o que ha!
ResponderExcluirAi sim meu amigo, quase enchi os olhos dágua! rsrs
ResponderExcluirJoguei Magic de 1995 até 2003 mais ou menos e só nos dois primeiros anos ainda não jogava de Burn! Depois que montei o primeiro, bem ruinzinho por sinal, já senti o fogo correndo nas veias. Ele SEMPRE será o deck mais divertido de se jogar!
Há um mês atrás voltei a jogar só pela saudade que sentia do meninão! Tenho certeza que o burn incomoda desde sempre, assim como o pré-histórico "deck de counter", nosso odiado porém respeitado arqui-rival!
Só tenho a dizer que o burn ainda vai dar o que falar. Tenho alguns combos em mente e converso com gente que tem outros... novidades virão!
Abraços, parabéns e OBRIGADO pelo post! *-*
ps.: Que carta FDP essa Leyline ¬¬'
Leo